sábado, 12 de março de 2011

Mais um reator em usina nuclear apresenta problemas no Japão

Até 160 pessoas podem ter sido expostas à radiação. Trata-se do pior acidente nuclear desde a catástrofe de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986

Destruição após tsunami em Minamisoma, Japão
Em função do acidente, o governo japonês declarou na sexta-feira estado de "emergência nuclear". Cerca de 46 mil moradores em um raio de dez quilômetros da usina foram retirados emergencialmente de suas casas e transportados para lugares seguros. Com o agravamento da situação, o governo ampliou a área de evacuação para 20 quilômetros


O operador da usina nuclear de Fukushima, no nordeste do Japão, anunciou neste domingo (horário local) que o sistema de refrigeração de outro reator deixou de funcionar. Há risco de explosão. "Todas as funções de manutenção dos níveis de refrigeração do reator de número 3 falharam na usina número 1 de Fukushima", afirmou um porta-voz da empresa operadora, Tokyo Electric Power. Mais cedo, o governo havia dito que o nível de radiotividade próximo à usina havia diminuído e que o problema no primeiro reator estava sob controle.
O número de indivíduos expostos à radiação provocada pelo acidente pode chegar a 160, disse um funcionário da agência japonesa de segurança nuclear. Nove pessoas já haviam mostrado uma possível exposição à radiação da usina, com base em informações de testes por parte das autoridades municipais e de outras fontes.
O acidente ocorreu quando o reator número 1 da usina atômica de Fukushima Daiichi liberou radiação após o forte terremoto, seguido por tsunami, que atingiu o Japão na sexta-feira. A radiação danificou o sistema de refrigeração e o operador foi forçado a liberar a pressão acumulado no reator.
Trata-se do pior acidente nuclear desde a catástrofe de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986. Ele foi classificado pelas autoridades como categoria 4. De acordo com a Escala Internacional de Sucessos Nucleares (INES), isso equivale a um “acidente com conseqüências de alcance local”, informa o jornal El Pais, nesse sábado. Na classificação, 7 é a categoria máxima. Apenas em duas ocasiões foram registrados acidentes piores, de acordo com a classificação da INES: Chernobyl (nível 7, “acidente grave”) e a fusão do núcleo de um reator da central americana Three Mile Island, em 1979 (nível 5, “acidente com conseqüências de maior alcance”).
Para conter as conseqüências do acidente, o governo fará um resfriamento do reator com água do mar, misturada com ácido bórico.Além disso, a população próxima ao local receberá doses de iodo, um elemento útil para prevenir câncer de tireóide. Após o desastre de Chernobyl, milhares de casos de câncer de tireóide foram registrados em crianças e adolescentes, expostas no momento do acidente. Mais casos são esperados.
Em função do acidente, o governo japonês declarou na sexta-feira estado de "emergência nuclear". Cerca de 46 mil moradores em um raio de dez quilômetros da usina foram retirados emergencialmente de suas casas e transportados para lugares seguros. Com o agravamento da situação, o governo ampliou a área de evacuação para 20 quilômetros.
Mortos e desaparecidos 
Em meio à preocupação com a crise nuclear, o exército japonês encontrou entre 300 a 400 corpos no porto de Rikuzentakata, que se somam aos entre 200 e 300 cadáveres descobertos numa praia de Sendai (nordeste, prefeitura de Miyagi) depois da passagem da imensa onda de mais de 10 metros.
A agência Kyodo News informou que operadores ferroviários perderam o controle de quatro trens que trafegavam por linhas férreas costeiras na sexta-feira. As composições ainda não tinham sido encontradas até a tarde deste sábado, no horário local. A East Japan Railway Co., que opera as linhas, informou que não sabe quantas pessoas viajavam nos trens.
O primeiro-ministro Naoto Kan disse que 50 mil soldados do Exército se juntaram ao esforço de resgate e recuperação das áreas atingidas. "A maioria das casas ao longo da linha costeira foi destruída e há muitos incêndios ali", disse Kan, após sobrevoar a região por helicóptero.
Enquanto isso, os números de mortos e desaparecidos não param de aumentar. Pelo menos 685 pessoas morreram, 643 estão desaparecidas e 1.128 se feriram. Autoridades afirmam que mortos e feridos devem passar de 1.800.
A polícia nacional informa que mais de 215.000 pessoas foram levadas para abrigos no norte e leste do país. Esta cifra compreende mais de 100.000 pessoas da prefeitura de Fukushima, entre elas os moradores retirados da região da usina nuclear. O número de pessoas pode ser muito maior porque a polícia ainda não recebeu informações dos evacuados da prefeitura de Miyagi, uma das zonas que sofreu maiores danos humanos e materiais. Milhares de pessoas continuam bloqueadas em prédios isolados pelas águas nessa localidade, segundo a prefeitura.

Ajuda internacional 
A comunidade internacional começou a enviar equipes de resgate no sábado para ajudar o Japão. "Estamos no processo de enviar nove especialistas que estão entre os mais experientes que temos para lidar com catástrofes. Eles ajudarão a avaliar as necessidades e coordenar assistência com autoridades japonesas", disse Elisabeth Byrs, porta-voz do escritório da Organização das Nações Unidas para a coordenação de assuntos humanitários. 

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